OPINião

OPINIÃO: Sinais dos tempos?

Nascem perguntas intrigantes. Será que são os sinais dos tempos? Será que valores de outrora estão perdendo o sentido? As casas destinadas à formação, aos retiros tornaram-se hotéis. Há pouco tempo, a histórica Cidade dos Meninos foi convertida em hotel fazenda. Logo mais tarde o Centro Marista de Eventos foi transformado em hotel. Agora, há poucos dias, a septuagenária casa de Retiros virou hotel. Perguntamo-nos: será que a procura para a formação, para o aperfeiçoamento, para o cultivo da vida interior diminuiu a tal ponto que levou as casas de formação tornarem-se hotéis, ou haverá outra explicação mais plausível? Será que as comunidades paroquias estão resolvendo por si a séria questão da formação, ou mudaram os critérios?

Como explicar que, em tão pouco tempo, três monumentos, três pontos referenciais da cidade mudem de finalidade? Como explicar que uma cidade como Santa Maria, chamada cidade cultura, feche suas casas de formação para se tornarem hotéis? Resta esperar o que poderá acontecer com o Colégio Pão dos Pobres. Estaremos perdendo a fome e a sede do crescimento e do conhecimento?

Teremos descoberto novos métodos de formação a ponto de abrir mão de ambientes tão propícios ao estudo e à reflexão? Para onde migraram nossos congressos, nossos retiros, nossos encontros de formação? Seria isso um sintoma da pobreza e da mediocridade que vivemos em nossa sociedade, ou a internet e os meios de comunicação com suas informações por vezes até descartáveis supriram a necessidade do estudo, da troca interpessoal, da reflexão?

Na verdade, andando pelo Brasil, não me lembro de ter encontrado uma só diocese sem sua casa de formação, sem seu espaço para o cultivo da formação permanente. Pode ser, admito, que eu não tenha percebido que tenham surgido espaços melhores e mais adequados em Santa Maria, mas na verdade não tenho conhecimento de que existam. Quero crer que precisamos, com muita serenidade e discernimento, ler os sinais dos tempos, pois não me parece normal que três instituições de tal envergadura desapareçam e a cidade de Santa Maria apenas assista passivamente a essa situação sem se perguntar por que isso está acontecendo.

Não tenho o objetivo de julgar, nem me cabe fazer um julgamento de mérito, mas, sinto a obrigação de questionar e inquietar-me, pois essa situação traz preocupação, onde encontrar espaços próprios para desenvolver a formação e a dimensão da espiritualidade, até para garantir imagem de Santa Maria, cidade cultura? Espero que os sonhos e os sacrifícios de nossos antepassados, que muito lutaram para criar essas casas de retiros, não sejam esquecidos; que a perda da finalidade destas instituições não diminua, em nada, o desejo de buscar a formação e o aperfeiçoamento em nível intelectual e espiritual.

Espero, pois, que não desistamos nunca de criar espaços próprios para o recolhimento e para o silêncio interio

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